domingo, 15 de novembro de 2009

Minha relação com a dor


Outro dia conversava com amigos-colegas acerca de uma jovem que estava sofrendo horrores de amor e engatamos uma prosa sobre o adolescer, os amores, as dores, os sofrimentos.

Daí todos falaram sobre suas experiências de amor quando mais jovens e me dei conta que nunca sofri de amor na adolescência. Me senti uma completa estranha naquela roda. Como poderia eu, Aline, espoleta, tagarela, espontaneamente levada, nunca haver sofrido de amor? O máximo que sofri foi com os amores platônicos, básicos da adolescência, daqueles que o menino nem "tchum" pra você. E até mesmo quando um namoradinho que tive aos treze me traiu, não senti um dedinho de sofrimento. Mandei pastar - aquilo não era pra mim.

No meio da conversa, lembrei-me de súbito uma experiência com a dor esse ano. Volta e meia estava no hospital com uma adolescente que havia acabado de terminar o namoro de pouco mais de um ano.Estava com diarreia, falta de ar e insônia.Foram perdidos cinco quilos em apenas uma semana e confesso que o medo do suicídio me ocorreu umas raras vezes.Coincidentemente,na mesma época, eu também havia terminado um relacionamento que tinha desde a adolescência. A diferença é que eu já estava adulta.Não tive diarreia, falta de ar, insônia e nem (infelizmente) perdi cinco quilos.Em vez de ficar doente de amor, vivi uma fase de descobertas em vários tons e sentidos. Descobri meus verdadeiros amigos, vi os diversos sentimentos e sensações correrem em minhas veias e,o mais importante, me descobri uma mulher invejável. Não digo invejável pelas outras, mas uma mulher que eu mesma cobiçava, todavia não sabia que era eu: forte, decidida, inteligente, independente, supermãe, educada ( simm!!!!! possuo um autocontrole incrível! ) e - a melhor das descobertas - faz a diferença por existir na vida de algumas pessoas. Celebrei com amigos e uma tattoo essa grande pessoa que conheci.

Então disse, ali, no meio da conversa,que queria ter sofrido de amor quando teen.
" Você é louca, Aline!".
Não quero romantizar a dor, mas ela me fez um bem inestimável. Talvez não tenha sido tarde para senti-la, entretanto gostaria mesmo que fosse na adolescência.Eu não teria as mesmas descobertas, mas certamente haveria muito mais o que contar.

- Você faria tudo novamente?
- Tudo o quê?
- Passaria sua adolescência ao lado da mesma pessoa?
- Não sei... Talvez não. Sofrer de amor faz bem!

Ontem lembrei-me dessa conversa - e de muitas outras - e chorei a dor. A que eu tive, a que eu não tive e a que deveria ter tido. Crescimento pessoal.

Sim, todos deveriam sofrer de amor um dia.
"Como se toda essa dor fosse diferente (...)"

Um comentário:

Mr. Guima disse...

O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades.

Vinícius de Moraes