quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vela-me



Não me busques por aí
Encontrarás a chave mais perto

do que seus olhos procuram

No ar que respiras a resposta estará
Somar características especiais
não fárá de nós especiais.


Deixa que eu role sobre teu corpo

E me derreta sob teus papiros

Me envolve em teu cheiro forte
de quem sabe seduzir
Faz de mim sobreposição a
tudo
que está do outro lado

Despe a vontade insistente de fingir

como quem está a partir .

E inova fazendo do tempo apenas

um amigo que não te abandona

Vou deixar rastros pra você
seguir
Meus instintos...

" É preciso proteger a chama com cuidado. Um simples
sopro pode apagá-lo..."

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem , mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que digo. Sinto quem sou e a impressão está alojada na parte alta do cérebro, nos lábios - na língua principalmente -, na superfície dos braços e também correndo dentro, bem dentro do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei dizer."

domingo, 15 de novembro de 2009

Minha relação com a dor


Outro dia conversava com amigos-colegas acerca de uma jovem que estava sofrendo horrores de amor e engatamos uma prosa sobre o adolescer, os amores, as dores, os sofrimentos.

Daí todos falaram sobre suas experiências de amor quando mais jovens e me dei conta que nunca sofri de amor na adolescência. Me senti uma completa estranha naquela roda. Como poderia eu, Aline, espoleta, tagarela, espontaneamente levada, nunca haver sofrido de amor? O máximo que sofri foi com os amores platônicos, básicos da adolescência, daqueles que o menino nem "tchum" pra você. E até mesmo quando um namoradinho que tive aos treze me traiu, não senti um dedinho de sofrimento. Mandei pastar - aquilo não era pra mim.

No meio da conversa, lembrei-me de súbito uma experiência com a dor esse ano. Volta e meia estava no hospital com uma adolescente que havia acabado de terminar o namoro de pouco mais de um ano.Estava com diarreia, falta de ar e insônia.Foram perdidos cinco quilos em apenas uma semana e confesso que o medo do suicídio me ocorreu umas raras vezes.Coincidentemente,na mesma época, eu também havia terminado um relacionamento que tinha desde a adolescência. A diferença é que eu já estava adulta.Não tive diarreia, falta de ar, insônia e nem (infelizmente) perdi cinco quilos.Em vez de ficar doente de amor, vivi uma fase de descobertas em vários tons e sentidos. Descobri meus verdadeiros amigos, vi os diversos sentimentos e sensações correrem em minhas veias e,o mais importante, me descobri uma mulher invejável. Não digo invejável pelas outras, mas uma mulher que eu mesma cobiçava, todavia não sabia que era eu: forte, decidida, inteligente, independente, supermãe, educada ( simm!!!!! possuo um autocontrole incrível! ) e - a melhor das descobertas - faz a diferença por existir na vida de algumas pessoas. Celebrei com amigos e uma tattoo essa grande pessoa que conheci.

Então disse, ali, no meio da conversa,que queria ter sofrido de amor quando teen.
" Você é louca, Aline!".
Não quero romantizar a dor, mas ela me fez um bem inestimável. Talvez não tenha sido tarde para senti-la, entretanto gostaria mesmo que fosse na adolescência.Eu não teria as mesmas descobertas, mas certamente haveria muito mais o que contar.

- Você faria tudo novamente?
- Tudo o quê?
- Passaria sua adolescência ao lado da mesma pessoa?
- Não sei... Talvez não. Sofrer de amor faz bem!

Ontem lembrei-me dessa conversa - e de muitas outras - e chorei a dor. A que eu tive, a que eu não tive e a que deveria ter tido. Crescimento pessoal.

Sim, todos deveriam sofrer de amor um dia.
"Como se toda essa dor fosse diferente (...)"