domingo, 5 de abril de 2015

Não fosse o odor da cerejeira, jasmim e cítricos, não recordaria. Não fossem os sons apresentados, as cores, os sabores característicos, os sorrisos fáceis, os olhos sedentos, as mãos gélidas e suadas...
Palavras que se foram com o vento. Ah! As palavras! Que falta elas fazem!
Ciclo das substituições...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Sono. Choro.Chocolate. ( Vontade de ) Colo. Mais choro. Música. Malhação. Outro choro. Vozes que gritam na sua mente tudo o que você não precisa ouvir. Não quer ouvir. Não precisa lembrar. 
Voltar a uma era que lhe dilacera é uma máxima. Você não as quer ouvir, não as deseja, mas essas lhe perseguem como sementes buscam o vento. E você sabe o porquê. Suas respostas estão em suas escolhas. Essas mesmas que te fazem rir e chorar. O ir e vir de ondas de dor que lhe percorre o corpo.
E você sabe que as palavras em segunda pessoa do pretérito perfeito não são feitas de amor, mas de desejo - que não é pra você. O que lhe é delegado são as trivialidades da vida laboral, dos problemas quase existencialistas que não lhe são transmitidos, mas continuam ali, pra você.
Um café? Sim, por favor. Numa livraria, de preferência - aquele lugar cheio de pessoas que passeiam pelas letrinhas, viajam nelas, juntamente com as superficiais, que apenas figuram ali o holograma dos apreciadores de boa leitura. Encaixar-te-ias em meio aos vultos? Talvez.
O importante é  que a vida deve ser matéria de música ( "Quando você vai entender?" ). O devir de quase duas décadas tão perceptível está diretamente proporcional ao insistir do que não era pra ser que permanece.
Porque palavras em segunda pessoa do pretérito perfeito não são feitas de amor. Hamartia.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Clarescuro


Acordei. E vi que não posso cansar de viver no meu antagonismo eterno. Porque amo - mesmo tendo conhecido o ódio, sinto belos aromas - sentindo em primeira pessoa o ardor do chorume. Toco - e já senti a dor da repulsa. Tenho medo do escuro, logo, me apego facilmente ao claro.
As pessoas que vivem são assim. Fundem seus paradoxos pra continuar vivendo. Uma incessante busca pela resolução de conflitos. Bem x mal. Claro x escuro. Sonhos x pesadelos. Pecado x perdão. No fim das contas, um não anula o outro e um não existe sem o outro.
Vida complicada essa.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Especial


Poderia ter sido em outra época, mas foi demasiado cedo
Foi questão de física, com papel milimetrado e régua
Mas também houve ação e reação - e se foi...

Foi questão de química - "os opostos se atraem", dizia no livro.
Poderia ter sido tarde, mas não foi
Poderia não haver sementes, mas foi o que ficou
- Isso é pra sempre.

Triste (des)engano, felizes experiências.
Tristes caminhos, felizes lembranças.
A imagem refletida no disco compacto
E um sorriso compartilhado.

Um perfume no dia dos namorados,
Um bouquet de flores no dia do aniversário.
Estrelas, Astrofísica, Física.
Roxette, Legião e uma bandinha de garagem.

E hoje é 23. Faltam 8 dias para o fim de Março.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Kátharsis


Ela viveu todo o amor que poderia haver sentido. Tinha a vida que queria, merecia. Tinha a impressão que aquela beleza, o dulçor do suor, as palavras sempre fortes e sinceras perdurariam e nada abalaria o caminho cósmico de suas vitórias.
Veio o drama, o melodrama, a tragédia. E os viveu, os sentiu na carne, nos olhos, em todos os órgãos. E novamente feliz. E novamente miserável. Ressentiu seu drama e se cobriu da lama que lhe foi apresentada. O infortúnio sempre ali, latente, junto com a dor do dilaceramento cardíaco.
E a cada dia tinha a quase certeza de que precisava transformar toda a beleza em torpor para compreender o motivo da má fortuna.
Viveu toda a sujeira.
Passado.
Passageiro.
Purificou.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Full Moon


Hoje você é lenda na lua
que me olha todas as noites
cheia, com luz e sombra a me perseguir

Mesmo estando zen
Eu me aborreço com as palavras
doces que saem de nós

Brilho de lábios sorridentes de amor
que você me deu e sempre dá
Braços longos de abraços sinceros
arrancam fôlegos e afagos de mim.

Impressos em imagens
eternizadas no satélite natural
Agora em metade, crescente
Com ânsia de que logo renove.

E mesmo quando estamos bem
Eu entristeço em saber
que poderíamos ser melhores




terça-feira, 28 de setembro de 2010

Origamis On


A delícia do abraço há muito não sentido
Não por vontade, mas por uma feliz circunstância
O brilho latente dos teus olhos
Quando cruzam os meus
Faz com que meu coração saboreie
o que há de mais tranquilo
Um mar absorto em rosas
Um Março embebido de boas lembranças
Um Setembro extasiado no encanto do princípio
Vê? A distância trouxe ventos prósperos
E qualquer um deleita-se ao ver-nos satisfeitos
Na lua cheia eterna de glicose.